Os catadores de materiais recicláveis estão entre os trabalhadores mais vulneráveis em meio à pandemia da Covid-19. Tanto pela redução do volume de resíduos — com o comércio, escritórios, escolas e restaurantes fechados — como, na outra ponta da cadeia, pela falta de compradores, com muitas fábricas fechadas ou com a produção reduzida. Além disso, a manipulação de resíduos coloca essas pessoas em contato direto com superfícies potencialmente contaminadas. E há ainda que se considerar que, dentre os catadores, estão idosos, diabéticos, fumantes ou pessoas que têm problemas respiratórios ou do coração, sendo recomendável que sejam afastadas do trabalho. Com uma longa e sólida relação com esses profissionais, fundamentais para a cadeia da economia circular, o Sistema
A primeira medida para auxílio aos agentes de reciclagem foi realocar investimentos do programa Reciclar pelo Brasil — maior plataforma de reciclagem inclusiva do país — para garantir uma renda mínima aos associados de 170 cooperativas em 21 estados. A verba, que seria aplicada em melhorias para as cooperativas, como reformas e compra de equipamentos, está sendo dividida entre os cooperados, para ajudá-los no sustento de suas famílias. “Cada cooperado já recebeu R$ 1.200, em parcelas em abril e maio. Estamos avaliando se será possível realizar um terceiro repasse no final de junho”, conta Edy Merendino, secretário-executivo do Reciclar pelo Brasil, programa criado em 2017, que conta com o apoio de outras 17 empresas além da
O programa é uma evolução do trabalho da companhia com esses profissionais. “Temos um histórico de mais de dez anos de parceria, com programas que começaram no Instituto
Na Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis de Abreu e Lima (Cooreplast), em Pernambuco, 15 catadores receberam, até agora, R$ 600 (cada) com verba do Reciclar pelo Brasil. “Essa ajuda foi muito importante para nós”, agradece Vânia Maria da Silva, presidente da cooperativa. “A coleta continua, saímos de porta em porta, mas, com as fábricas fechadas ou com quadro reduzido de pessoas, as vendas caíram demais”, diz. “A ajuda veio a calhar”. Vânia comemora o fato de que, até agora, nenhum dos cooperados teve a doença provocada pelo novo coronavírus. “Está todo mundo bem. Com o dinheiro, também compramos luvas, máscaras, álcool gel, para trabalharmos na rua com mais segurança”.
Os integrantes da Associação Cidadania para Todos, em Ananindeua, região metropolitana de Belém, tiveram uma queda drástica na quantidade de material coletado: de 75 toneladas por mês, em média, para 28 toneladas em abril. Segundo Maria Trindade Santana de Araújo, presidente da associação, a situação ficou pior para os trabalhadores que trabalhavam direto com “grandes geradores”, como shoppings e gráficas, que fecharam as portas, por causa das medidas restritivas de isolamento social. “Além disso, a empresa que comprava nosso plástico duro (cadeiras, baldes, bacias) fechou. Estamos com bastante material dentro do galpão”, avalia.
A situação ficou mais grave com a queda no preço dos resíduos, provocada pela redução na demanda. Maria dá um exemplo: o quilo do papel misto, de revistas e jornais, caiu de R$ 0,45 para R$ 0,05. O do PET, que era R$ 1,50, está sendo vendido a R$ 0,80. “Com tudo tudo isso, nossa renda caiu bastante e essa ajuda foi muito importante”.
Outra beneficiada é a Cooperlínia Ambiental do Brasil, que está em atividade há 18 anos e, em 2004, conquistou a Certificação de Responsabilidade Ambiental Iso 14001. Localizada em Paulínia, no interior de São Paulo, a cooperativa, que trabalha com a separação de resíduos industriais, comerciais e residenciais, e com compra e venda de material reciclável, por causa da pandemia, ficou 52 dias fechada. As atividades retornaram, no dia 5 de maio, com uma série de cuidados para evitar a contaminação. “As máscaras que eram trocadas a cada três dias, agora são trocadas todos os dias. Os uniformes também são trocados diariamente, e mantemos uma distância de dois metros uns dos outros”, diz José Carlos da Silva, presidente da Cooperlínia, que tem 25 membros. Todos já receberam R$ 600 e receberão uma nova parcela, no mesmo valor, para ajudá-los no sustento da família, neste momento difícil, em que a cooperativa trabalha com a operação reduzida. “Se antes eram segregadas 130 toneladas por mês, agora a média é de 30 toneladas, com grau de rejeito da ordem de 40%”, observa Silva.
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Cada um dos catadores receberá R$ 200 em um cartão de vale-alimentação da Sodexo. A distribuição começou em maio, pelo Rio de Janeiro, e seguirá para outros estados. Entre os beneficiados estão 18 membros da cooperativa Reciclando para Viver, que ainda não tem sede e reúne catadores do centro do Rio de Janeiro. “Ainda não conseguimos um galpão, separamos o material na rua mesmo. Mas, com a pandemia, estamos sem poder trabalhar, já que quase nenhum escritório do Centro está abrindo. Tem gente fazendo bico de faxineira, de pedreiro”, diz Claudete Costa, presidente da cooperativa. “Este cartão veio em ótima hora. Assim que recebi, fui no sacolão comprar frutas e legumes”, relata. Ela diz ter tido os sintomas da Covid-19. “Tive febre, dor de cabeça, perdi o olfato, o paladar”, lembra Claudete, que mora na Cidade de Deus, é filha de uma catadora e começou a trabalhar com a mãe nas ruas do Centro do Rio há 30 anos, aos 10 anos de idade.
O suporte da
Texto produzido por Colabora Marcas
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